sábado, 18 de abril de 2015



MEUS MINERAIS

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ZEOLITA
As zeolitas foram descritas pela primeira vez em 1756 por Freiherr Axel Frederick Cronstedt, um mineralogista sueco, que nomeou o mineral a partir das palavras  gregas zéo (ferver) e lithos (pedra) significando pedras que fervem, uma alusão à sua característica peculiar de borbulhar quando imerso em água.
Este exclusivo mineral natural possui estrutura cristalina tri-dimensional infinita, formada em cavidades que podem ser ocupadas por íons e moléculas de água com grande liberdade de movimento.  Esta característica permite o intercâmbio  catiônico e a desidratação reversível da rede. Isto porque a água não afeta a estabilidade estrutural e pode ser eliminada, pois a zeolita opera como uma "esponja" ou peneira molecular. 
As zeolitas constituem um grupo numeroso de minerais que possuem uma estrutura porosa.  São conhecidas mais de 80 espécies de zeolitas naturais e mais de 150 artificiais.  Basicamente, são aluminosilicatos hidratados que possuem uma estrutura aberta que pode acomodar uma grande variedade de íons positivos. Estes íons positivos estão fracamente ligados à estrutura podendo ser prontamente substituidos por outros em solução de contato. Alguns dos minerais mais comuns do grupo das zeolitas são: escolecita, analcima, chabazita, heulandita, natrolita, phillipsita, estilbita, pectolita (ver larimar abaixo descrita).
As zeolitas formam-se em locais onde rochas vulcânicas e cinza vulcânica reagem com água alcalina; também ocorrem em ambientes pós-deposicionais em que cristalizaram ao longo de milhares ou mesmo milhões de anos em bacias marinhas pouco profundas. 
As zeolitas de ocorrência natural muito raramente são puras, sendo contaminadas em grau variável por outros minerais, metais, quartzo ou outras zeolitas.  Por esta razão, as zeolitas de ocorrência natural são excluidas de muitas das suas aplicações comerciais em que a pureza e uniformidade são essenciais.  Seus cristais geralmente são pequenos, mas bem formados, razão de serem muito apreciadas por colecionadores. São bem conhecidas aquelas procedentes da India e do sul do Brasil.

Escolecita proveniente de Morro Reuter, RS

Todas as zeolitas aqui fotografadas foram encontradas no basalto do Rio Grande do Sul, Brasil

ARAGONITA
Fórmula química -  CaCO3
Composição - carbonato de cálcio, polimorfo da calcita.  56% CaO; 43% CO2
Cristalografia - ortorrômbico
Classe - bipiramidal rômbica
Propriedades ópticas - biaxial negativo
Hábito - piramidal acicular, tabular ou pseudo-hexagonal
Clivagem - imperfeita
Dureza - 3,5 - 4 na escala de Mohs
Densidade relativa - 2,95
Brilho - vítreo
Cor - incolor, branco, amarelo-pálido e colorida variavelmente. Transparente a translúcida.
Associação - em fontes termais, está associado a camadas de gipso e depósitos de minério de ferro, onde podem ocorrer as formas que se assemelham a coral, chamadas de flor do ferro.
Propriedades diagnósticas - distingue-se da calcita por sua densidade relativa mais elevada e pela ausência de clivagem romboédrica.
Ocorrência - é menos estável do que a calcita e muito menos comum. Forma-se dentro de uma estreita faixa de condições físico-químicas, representada por baixas temperaturas, perto dos depósitos superficiais na presença de cátions grandes e em ambientes de alta pressão.
Usos - fabricação de cimentos, corretor de pH em solos ácidos.

Aragonita


MALAQUITA
Fórmula química - Cu2CO3(OH)
Composição - carbonato básico de cobre. 79,9% CuO; 19,9% CO2; 8,2% H2O
Cristalografia - monoclínico
Classe - prismático
Propriedades ópticas -biaxial positivo
Hábito - botroidal, fibroso
Clivagem - perfeita
Dureza - 3,0 - 4 na escala de Mohs
Densidade relativa - 3,7 - 4,1
Brilho - entre adamantino e vítreo
Cor - verde brilhante
Associação - associado a azurita, cuprita, cobre nativo, óxidos de ferro e vários sulfetos de cobre e de ferro.
Propriedades diagnósticas - cor verde brilhante, formas botroidais e por sua efervescência em HC1
Ocorrência - minério de cobre supérgeno. Encontrado em porções oxidadas dos filões de cobre.   Pode ocorrer também nos veios de cobre que penetram em  calcários.
Usos - minério de cobre.
As malaquitas de melhor qualidade são provenientes do Zaire, mas também são encontradas na Rodésia, Namíbia, EUA, Rússia, Austrália, Israel e Chile.

Malaquita - exemplar proveniente do Zaire



LIMONITA
Limonita é um mineralóide composto por Goethita e outros óxidos hidratados de ferro.
Fórmula química - Fe(OH)3 nH2O
Composição - hidróxido de ferro 90% e H2O 10%
Cristalografia - amorfo (mineralóide)
Classe - não apresenta
Propriedades ópticas - isotrópico
Hábito - estalactítico, botrioidal, mamelonar, fibroso, maciço , terroso.
Clivagem - não apresenta
Dureza - 5 - 5,5 na escala de Mohs
Densidade relativa  3,3 - 4,3
Fratura - concoidal
Brilho - submetálico terroso
Cor - marrom, marrom-amarelo, amarelo e preto
Associação - associado a pirita, magnetita, siderita, hornblendas e piroxênios.
Ocorrência - resultado de alteração de minerais ricos em ferro
Usos - fonte de ferro e como pigmento para a fabricação de tintas.
A limonita é um óxido de ferro hidratado, sem estrutura cristalina interna, amorfo. Não é um mineral, mas uma mistura de diversos óxidos de ferro, entre os quais a goethita e a lepidocrocita. É considerada uma rocha secundária e se apresenta em forma terrosa, esponjosa, compacta, concrecionada, estalactita, mamelonar, botrioidal e pisolítica.

Exemplar de limonita proveniente de São Luiz Gonzaga, RS, onde é conhecida por "pedra cupim" ou itacuru. Foi muito utilizada em construções de alvenaria na época das  Missões Jesuíticas.


DIOPSIDIO
Diopsidio é um silicato de cálcio e magnésio do grupo dos clinopiroxênios.
Fórmula química - Ca Mg Si2  O6
Composição - 29,90% CaO; 18,61% MgO; 55,49% SiO2
Cristalografia - monoclínico
Classe - prismático
Propriedades ópticas - biaxial positivo
Hábito - prismático, colunar, lamelar
Clivagem - distinta
Dureza - 5,5-6,5 escala de Mohs
Densidade relativa - 3,2 -3,5
Brilho - lustroso a vítreo
Cor - incolor, branco, amarelo, cinza, verde-pálio, verde escuro a preto.
Associação - associado a forsterita e calcita
Propriedades diagnósticas - Hábito dureza, partição, propriedades ópticas.
Ocorrência - ocorre em rochas metamórficas  ricas em magnésio; em sedimentos metamorfizados ricos em cálcio. Presente também em rochas básicas como os basaltos.
Usos -  usado como gema .

Diopsidio

LARIMAR
Larimar é uma variedade de pectolita, opaca, de cor azul celeste, apresentando traços brancos, vermelhos ou pretos.
Composição química -  Na Ca2 Si3 O8 (OH).  É um silicato de sódio e cálcio hidratado.
Miguel Domingo Fuertes Loren, um padre dominicano, encontrou este mineral em 1916. Foi somente 58 anos depois que algumas minas foram abertas em Baoruko, República Dominicana.
Em 1974, Miguel Méndez descobriu larimar em uma praia. Tomou, então, o nome  de sua filha Larissa mais a palavra mar e formou larimar, o nome desse mineral, que é um tipo de pectolita, só encontrado na República Dominicana.
Embora pectolita é encontrada em muitos outros locais, nenhum tem a coloração azul-vulcânico única de larimar. Esta cor azul, distinta das outras pectolitas, é o resultado da substituição de cobalto por cálcio.
Larimar também vem na cor verde e/ou com manchas vermelhas. Quanto mais intenso for o azul melhor é a qualidade do mineral.  A cor azul é fotossensível e desaparece com o tempo se for exposta a muita luz e calor.

Larimar - exemplar originário da República Dominicana


CALCITA
A calcita apresenta-se, usualmente, em cristais ou em agregados de grânulos entre grossos e finos.  Também em massas de granulação fina a compacta, terrosas e sob forma de estalactites.
Cristalografia - hexagonal-R; escalenoédrica-hexagonal. Os cristais são  extremamente variados no hábito, muitas vezes altamente complexos. Foram descritas mais de 300 formas diferentes. Três hábitos importantes: prismático; romboédrico e escalenoédrico.
Fórmula química - CaCO3 - carbonato de cálcio  
Composição -  CaO 56,0% - CO2 44,0%
Clivagem - perfeita
Cor - usualmente branco ou incolor, cinza, vermelho, verde, azul e amarelo. Brilho vítreo.
Dureza - 3
Propriedades diagnósticas -  distingue-se da dolomita porque os fragmentos de calcita apresentam efervescência no ácido clorídrico. Distingue-se da aragonita por ter densidade relativa mais baixa e clivagem romboédrica.
Ocorrência - a calcita é um dos minerais mais comuns e disseminados pelo mundo. Ocorre como massas rochosas sedimentares enormes e espalhadas amplamente, nas quais é o mineral preponderante, sendo o único mineral presente em certos calcários.  A calcita é encontrada, também, em depósitos em cavernas, onde as águas calcárias, evaporando-se de rochas carbonatadas, depositam a calcita sob a forma de estalactites, estalagmites e incrustações.
Calcitas silícicas - os cristais de calcita podem incluir quantidades consideráveis de areia de quartzo (até 60%) e formam o que se conhece como cristais de arenito.
A calcita ocorre como mineral secundário nas rochas ígneas, como produto da decomposição de silicatos de cálcio.
Usos - o emprego mais importante da calcita é na fabricação de cimentos e cal para argamassa. 

Calcita sobre drusa de ametista - origem Rio Grande do Sul




ÁGATA
A ágata não é um mineral específico, senão um conjunto de variedades microcristalinas do.quartzo. Em realidade, são variedades de calcedônia que apresentam bandas de várias cores pouco contrastadas. A diferença de cores aparece porque em cada zona a estrutura e o número de inclusões na calcedônia varia, com o que mudam suas propriedades.
A ágata encontra-se em rochas vulcânicas cujo tamanho pode variar desde milímetros a vários metros.  Caracteriza-se por apresentar uma série de  bandas concêntricas de cores similares, opacas e translúcidas, que recordam o corte de um tronco de árvore em sentido circular. Pode adotar diversas formas e apresentar-se em muitas variedades. É uma pedra dura e resistente aos reativos químicos.
Existem algumas variedades, como a ágata dendrítica, musgosa, paisagem e de fogo, que em realidade são calcedônias com diferentes inclusões. Recebem estes nomes pelas cores e desenhos que formam suas bandas.
O Brasil é o maior produtor mundial de pedras preciosas. Os Estados de maior produção são Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
As primeiras jazidas no Brasil foram descobertas em 1827, por imigrantes alemães oriundos de Idar-Oberstein e que e imigraram para o sul do Brasil.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor de ágata e ametista.
No município de Salto do Jacuí/RS, nas margens direita e esquerda do rio Jacuí, estão localizadas as maiores jazidas do mundo de pedra ágata. A exploração da ágata na região de Salto do Jacuí, remonta as primeiras décadas do século XIX, quando imigrantes alemães aqui se instalaram e tomaram conhecimento da existência dessa gema, muito apreciada em sua terra natal. A ágata é uma gema composta por óxido de silício (SiO2), cuja dureza na escala de Mohs situa-se entre 6,5 e 7,0; possui uma densidade relativa de 2,60 - 2,65; não apresenta clivagem (propriedade segundo a qual o mineral pode partir-se ao longo de certos planos); apresenta, quando solicitada, um fraturamento desigual.
As jazidas de ágata sul-americanas produzem pedras que usualmente são de cor cinzenta e aparentemente sem nenhum desenho, sendo necessário tingi-las para revelar suas estruturas vivas e colorações. A possibilidade de tingi-las varia segundo sua porosidade e o conteúdo de ágata ou opala das diversas camadas.
Na região de Salto do Jacuí, ocorre uma variedade de ágata, conhecida internacionalmente como "ágata umbu", que possui uma coloração cinza-azulada e que possibilita ao lapidador obter cores homogêneas, através do tingimento.
Em função de suas propriedades químicas e físicas, a ágata possui uma utilização bastante diversificada, que varia desde bijuterias até peças e equipamentos, tais como almofarizes, peças para relógio, mancais para balança, pistões de ágata para bombas de lama (inds, cerâmica), etc.
Entre os objetos artesanais mais produzidos com a ágata, destacam-se cinzeiros, chapa grossa, chapa fina (para ornamentação), mostradores de relógio, porta-copos, porta-canetas, lustres, pulseiras, colares, brochas, anéis, porta-livros, chaveiros, cabo de talheres, maçaneta de portas, vasos, taças, camafeus, porta-jóias, frascos para perfume, frutas, aves, ovos, bolas, pirâmides, etc.
Muito apreciados são os geodos de ágata com bico de ametista e/ou citrino, calcita ou disseminação de minúsculos cristais de quartzo que produzem um brilho intenso em contato com a luz.
A ágata tem aplicação direta também na indústria cerâmica, onde é empregada na moagem de argila. São utilizados seixos de ágata com alto grau de arredondamento e com diâmetro variando entre 0,5 e 6,0 polegadas. Neste caso, a ágata está substituindo o sílex que era utilizado anteriormente.

Ágatas de Salto do Jacuí, RS, Brasil


A ágata da Patagônia é uma variedade de quartzo muito linda e apreciada por colecionadores. Extraída nas províncias argentinas de Neuquén e Mendoza.

Ágata da Patagônia


Ágata da Patagônia

Ágatas da Patagônia




quarta-feira, 15 de abril de 2015




TOCA E PALEOTOCA?

Há poucos anos atrás estive visitando duas localidades do Rio Grande do Sul para fotografar Dyckias e cactos. Uma no município de Tabaí e outra no município de Taquari.  Em Tabaí fotografei um buraco em uma parede de rocha arenítica a pouca altura do chão, que julguei,possivelmente, uma paleotoca.  Em Taquari fotografei uma gruta, e também entrei na mesma, que possibilita ficar de pé dentro dela devido ao seu tamanho. Um pouco estreita no interior, porém, com mais de dois metros de altura.  A boca da entrada é estreita e  baixa. Esta gruta é conhecida pelo nome de "Toca da Ventosa" e fica do Morro da Carapuça. Não é paleotoca. Provavelmente uma rachadura no morro formou aquela furna.
Hoje, ao ver alguns vídeos postados na internet pelo professor Heinrich Theodor Frank , geólogo da UFRGS e pesquisador de paleotocas, procurei minhas fotografias e julgo que, possivelmente, o que fotografei, no caso a toca de Tabaí, possa ser uma paleotoca, pois segundo o professor, o Rio Grande do Sul é rico em tocas escavadas por animais que aqui viveram e foram extintos há mais de dez mil anos. Esses animais , conforme cita  Frank, são tatus gigantes e preguiças gigantes que habitaram nosso território e toda a América do Sul.  Hoje estes sítios estão sendo pesquisados  por cientistas gaúchos e de outros estados brasileiros para desvendar mais esses achados paleontológicos, que  recentemente vem sendo estudados.
Grande é o número de animais que foram extintos no período Quaternário, na transição entre o Pleistoceno e o Holoceno. Ainda hoje os estudos relacionados à extinção da chamada megafauna, são poucos.
Foi no final da última glaciação, no momento em que chegavam aqui no Sul as primeiras populações humanas, que o grande conjunto faunístico fez sua última aparição antes de extinguir-se definitivamente.  A preguiça terrícola de dois metros de altura (glossotherium) e um tatu gigante de 1,5m de altura por cerca de 4m de comprimento (glyptodon), coexistiu com animais de pequeno porte - canidae, ursidae, felidae, proboscidae, perissodactila, entre os quais também cervídeos (paleolhama),  suínos, tapires, cavalos (hippidion e equus), tigre dente-de-sabre (smilodon), desdentados (megatherium, glossotherium e glyptodon), roedores (hydrochoerus), ainda os toxodon, macrauchenia e mastodonte.
É bom frisar que muitos animais desapareceram  no conjunto da grande extinção pleistoceno-holoceno, porém, outros animais continuaram a existir até o presente, como é o caso da Reha americana (ema) e alguns cervídeos. 

darisimi@gmail.com 


Em Tabaí. Notar os arranhões em cima da toca
Crédito da foto - Dari José Simi


Em Taquari. Entrada da gruta vista por dentro
Crédito da foto - Dari José Simi

Em Taquari. Interior da gruta
Crédito da foto - Dari José Simi

Megafauna - imagem copiada da internet